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Um ar de sua Graça

Já não se escrevem postais de amor como antigamente – Parte II

Palavra de ordem: Organizar, Organizar

 

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A minha colecção de postais românticos foi crescendo ao longo dos anos e tem acompanhado a minha vida desde a adolescência até ao presente.


Depois de iniciar a colecção com os que encontrei em casa dos meus avós, com os poucos que consegui junto de familiares e amigos e com o substancial acréscimo com os que herdei do meu tio João, nunca mais deixei de comprá-los. Procuro-os em feiras e lojas de velharias e sempre que posso, em Lisboa vou até à rua do Crucifixo onde, numa loja no segundo andar de um prédio pombalino, a escolha de postais se torna uma tarefa tão difícil quanto entusiasmante. E que prazer folhear todos aqueles álbuns repletos de postais, sentir-lhes o cheiro, apreciar-lhes as cores, as texturas, os materiais.


Encontramo-los em seda, em papel de arroz, com bordados, rendas, missangas, lantejoulas, dourados, relevos, pintura à mão, mais antigos e mais recentes, postais fotográficos (usando a fotografia), postais cromolitografados  (recorrendo à ilustração), sendo estes últimos os meus preferidos. É não saber o que escolher perante tanta variedade, é ficar extasiada perante tanta beleza, é…perder a cabeça!

 

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Os preços variam conforme o estado de conservação, materiais usados, raridade, renome do ilustrador (neste caso em relação aos cromolitografados).
Infelizmente, o meu primeiro critério de selecção é o preço. Alguns são verdadeiramente proibitivos.  Revendo ao meus postais para este post , o que  já não o fazia há algum tempo, encontrei dois a 6000 escudos cada!!! O preço estava ainda escrito a lápis no verso. Para quem não recorda, 6000 escudos correspondem a 30 Euros!!!
Onde é que eu tinha a cabeça para dar tanto dinheiro por aqueles postais?! Devia estar verdadeiramente louca!


Depois de abrir os cordões à bolsa é o regresso a casa de coração cheio e de carteira vazia.


Em casa segue-se a etapa seguinte  – a organização – tarefa não menos agradável, que se vai fazendo aos poucos, lentamente, de acordo com o tempo disponível e por isso mesmo tão saborosa. Nem sempre é tarefa fácil mas também na dificuldade reside o encanto. Organizo-os por temas em dossiês, dentro de micas. Dossiês com casais, com crianças, com jovens raparigas, festividades, os dossiês com postais cromolitografados.

 

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Dentro de cada temática integro-os em subcategorias. Só para exemplificar, relativamente ao tema crianças, tenho o subtema de bebés, crianças com brinquedos, crianças com animais, crianças com instrumentos musicais, crianças com livros, ao ar livre, etc, etc, etc.  

 
Por vezes não é fácil integrá-los numa categoria, porque o mesmo postal se pode enquadrar em várias categorias diferentes, como por exemplo, o que apresento a seguir que, sendo um  postal de Natal, nele podemos ver dentro da carruagem um par apaixonado. Onde colocá-lo? Festividades? Casais apaixonados?
Mas também estes dilemas, que acarretam alguma subjectividade, fazem parte do encanto do coleccionismo.

 

Uma particularidade deste postal é o facto de ter dupla face, o que não é muito comum.

 

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Estes postais românticos marcam uma época em que a comunicação se fazia de modo inteiramente diferente, a vida corria mais lentamente e as relações entre as pessoas estavam estruturadas de outra forma. São postais que durante anos e anos foram carinhosamente guardados e cuidados por quem os recebeu. Noivas, namorados, jovens aniversariantes. Enviados de mães para filhos, de filhas para mães, de madrinhas para afilhadas, de avós para netos…


Arquivados em deliciosos álbuns.


Por condicionalismos da vida os herdeiros venderam-nos a negociantes de velharias. Não me compete julgá-los.


Mas por vezes dou por mim a contemplar estes postais com uma pequena centelha de nostalgia. O que pensariam todos aqueles que, através dos postais, receberam mensagens de carinho e provas de amor, ao saberem que estes foram passando de mão em mão e que se encontram actualmente na posse de estranhos que nada sabem da sua história de vida?


É por tudo isto que aqui enuncio que os postais herdados do meu tio João me são tão queridos e ocupam um lugar privilegiado na minha colecção.   

 

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