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Um ar de sua Graça

O Tesouro da Minha Mãe

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 Conheço-a desde que me conheço. Bem guardada na antiga cómoda em casa da minha avó.

 

Em criança só lhe mexia depois de autorizada pela minha mãe e com ela junto de mim. A minha mãe era a proprietária da caixa e a criadora do seu conteúdo que constituía para mim um verdadeiro fascínio, admirada e meio incrédula por uma miúda de sete ou oito anos ter demonstrado tamanha habilidade, e logo com tanta perfeição. Sim, porque a minha mãe sempre foi assim. Desde criança. Perfeita em tudo o que faz, mesmo agora aos noventa anos.

 

Cresci embevecida com aquele tesouro. Adulta e bem adulta achei que o tesouro da minha mãe não deveria estar escondido na velha caixa de cartão mas sim exposto aos olhos de todos os cá de casa. Deitei mãos à obra. Emoldurei-o. Ei-lo…

 

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As roupinhas de maior tamanho já não tinham a respectiva dona – a boneca estragou-se com tanto vestir e despir, nas brincadeiras da minha mãe. Nada que não tivesse solução. Fiz uma bonequita em feltro e vesti-lhe um dos vestidos e o casaquinho preto de veludo.

 

Os vestidinhos minúsculos – cerca de um centímetro – ainda têm a respectiva boneca que se pode ver no canto superior direito, deitada no colchãozinho. E repare-se no vestido desta boneca. Como é que se consegue fazer ajour tão perfeito, numa coisinha tão pequenina? Outra curiosidade – os botões do vestido cor-de-rosa são feitos de bagos de massa e depois forrados com linha de coser!

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 Depois do quadro pronto mostrei-o à minha mãe. Ficou sem palavras. Mas os olhos sorriram e ficaram cheios de lágrimas. E deu-me um beijo.

 

Quando à caixa de cartão... Não consegui desfazer-me dela. Agora, apesar de velhinha, guarda alguns botões.

 

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