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Um ar de sua Graça

Sua excelência a cozinha

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A cozinha, de novo. A cozinha como coração da casa. Como ponto de encontro. Local de conversas, risos, histórias de família e até local de tomada de decisões importantes.

 

 A Cozinha da minha infância é um pouco de tudo isto. 

 

Eram assim as cozinhas dos meus avós, tios, primos. Quentes, aconchegantes, com grandes lareiras onde o lume crepitava e as chamas se destacavam nas paredes pretas de fuligem. Pequenos pontes de luz que se libertavam chaminé acima, lembrando pirilampos. Panelas de ferro fumegantes.

 

Cheirinho a comida boa. Envolvente. E todos nós ali sentados em redor do lume, reconfortados, dentro da grande chaminé.

 

 Eu a queimar a ponta de uma pequena cavaca e a minha avó a repreender-me:

 

-Não faças isso! Quem brinca com o fogo faz xixi na cama.  

 

E eu a acreditar. As avós nunca mentem. E parava. Não queria molhar a cama.

 

Depois vinham as histórias de lobisomens que a minha avó Clementina contava convictamente, como ninguém.

 

 A sua voz mudava, com pausas e entoações, quando contava pormenorizadamente histórias como a do homem que virou lobo à meia-noite e que, atacando um cavaleiro este feriu o lobo na focinho. No dia seguinte o homem que na noite anterior atacara cavalo e cavaleiro ostentava um grande ferimento na face.

 

O melhor destas histórias, é que os protagonistas eram todos conhecidos, tudo gente da terra, o que emprestava a todas estas narrações uma total veracidade, envolvimento e proximidade.

 

E eu ficava de tal forma dividida entre o fascínio e o terror que de noite não conseguia dormir.

 

Mas na noite seguinte pedia outra. E a minha avó lá começava a contar…

 

As cozinhas de hoje em nada se parecem com as da minha infância. São mais assépticas e luminosas do que as de antigamente. Poderão ter outro conforto e funcionalidade.

 

Mas procuro que a minha, embora tão mas tão diferente, continue a ser o coração da casa, ponto de encontro, local de aconchego, de partilha, não só de refeições mas de conversas e de histórias.

 

E nada melhor do que fazê-lo em redor de uma fumegante chávena de chá, sobre as toalhas com rendas feitas pela minha mãe.

 

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Os panos da loiça da minha mãe

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Querida mãe

 

Vá lá, mãezinha, então? Não fique triste! Lá porque falei sobre os panos da loiça da avó, pensa que me esqueci dos seus? Que os seus panos da loiça estão em segundo plano na minha vida?

 

Como seria eu capaz de uma desfeita dessas?

 

Como seria isso possível se os panos da loiça feitos por si, ou seja, com rendas “crochetadas” por si, esvoaçam diariamente na minha cozinha e lhe conferem uma nota de cor e de alegria?

 

E se muitos mais panos, novinhos, ainda por estrear, aguardam na gaveta da cozinha o momento de verem a luz do dia?

 

Como poderia deixar cair no esquecimento os panos da loiça e panos de mãos a condizer feitos pela mãezinha que é conhecida pela rainha dos picôs?

 

Ei-los! Aqui estão eles, para a posteridade, a serem partilhados na blogosfera, pelo mundo inteiro, para que todos possam apreciar as suas mãos de fada.

 

Muito obrigada pelo carinho que colocou ao fazê-los assim como em tudo aquilo que sai das suas mãos.

 

A sua filha que gosta muito de si

 

Graça

 

PS: Quem é amiguinha, quem é?

 

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