Aprendi a fazer ponto cruz há uns vinte e tal anos, era a minha filha pequenina. Queria bordar quadros para decorar o quarto dela. E foi amor ao primeiro ponto…
Se o crochet e o tricot ajudam a aliviar o stress do dia a dia, o ponto cruz é, para mim, um passatempo verdadeiramente relaxante e entusiasmante. Adoro ver a conjugação das cores, a harmonia entre elas e o desenho a formar-se. Houve uma época em que o ponto cruz esteve muito em moda e era frequente, ao fim de semana, ver senhoras a bordarem nas esplanadas junto ao rio. Recordo-me, em particular, de uma jovem colega de trabalho que aproveitava todos os intervalos para bordar em quadrilé miudinho. O trabalho que lhe saía das mãos parecia uma pintura. E eu ficava embevecida a contemplar…
Presentemente, os fios e agulhas são outros. Ainda há bem pouco tempo assisti a uma situação curiosa. Faziam-se os preparativos para a filmagem de uma cena de uma série televisiva. Enquanto aguardavam a indicação para entrar em acção, um grupo de jovens raparigas fazia tricot e crochet. A isto se chama “saber aproveitar bem o tempo”.
Há já alguns anos, depois de alguns bordados cá para casa, decidi fazer um quadro alusivo ao casamento dos meus pais para lhes oferecer aquando da comemoração de mais um aniversário.
Inspirei-me num esquema que vi numa revista mas fiz-lhe algumas adaptações, uma vez que o mesmo não se destinava especificamente ao fim que eu pretendia. Inseri-lhe os nomes, a data e alterei alguns motivos.
Gostei do resultado final e, pensando agora no assunto, suponho que foi o trabalho a ponto cruz que mais prazer me deu realizar.
Não me recordo quantos anos de casados faziam os meus pais quando receberam este presente.
Mas o quadro ainda se mantém no quarto deles.
Apesar das vicissitudes da vida e do meu pai já não se encontrar entre nós, este bordado perpetuará na nossa memória um casamento longo e feliz…
Podem também seguir-me no Instagram!