A Páscoa não tarda aí
À excepção do Natal nunca tive o hábito de decorar a casa de acordo com as épocas, quadras, ou estações do ano.
As minhas prioridades e interesses eram outros e não tinha qualquer disponibilidade para pensar no assunto.
Relativamente à época pascal limitava-me a espalhar amêndoas e ovos de chocolate colocados em pequenas taças ou frascos de vidro. Coloriam a sala. Alegravam os miúdos.
Depois, o ritmo frenético da vida abrandou. Os compromissos imperiosos, os prazos definidos para ontem cessaram. Surgiram outras prioridades, algumas não menos absorventes e não menos prementes.
E neste meu universo por vezes um pouco opaco vou procurando rasgar pequenas janelas que tragam luz ao meu horizonte.
Os momentos de calma e de bem-estar encontro-os nas agulhas e linhas, enquanto vou criando pequenos projectos que me inspiram e, principalmente, me divertem. E dizem os entendidos que o crochet e o tricot são essenciais para que nos mantenhamos saudáveis quer física quer emocionalmente e que aumentam a nossa produtividade e agilidade mental.
Quero crer que assim seja!
E assim, todos os pretextos são bons para pôr as mãos na massa ou, dizendo por outras palavras, para por as mãos nas agulhas e nas linhas.
Um painel em crochet simbolizando o Outono, uma manta em lã para aconchego no Inverno, outra em fio de algodão para refrescar a cama no Verão, almofadas em tricot e crochet para o conforto no sofá, foram pequenos trabalhos que foram nascendo das minhas mãos.
A casa ganha cor e renova-se. Foge-se à monotonia de ver sempre o mesmo, sempre tudo igual e no mesmo sítio.
A Páscoa não tarda aí. E pela primeira vez, esta quadra foi motivo de inspiração. Transformei-me em galinha poedeira e nestes últimos dias foram vários os ovos que fui pondo pela casa. Mais uns passaritos por aqui mais um coelhito por ali e a decoração vai ganhando forma. Nunca está concluída. Cada dia vai surgindo algo de novo. Ao sabor da imaginação.
E assim se vai aliando o sagrado e o profano nas celebrações pascais cá de casa.